#03 Mas não se preocupe meu amigo com os horrores que eu lhe digo - Isso é somente uma canção. A vida realmente é diferente - Quer dizer, ao vivo é muito pior
(Ou: Todo mundo é um pouco boomer - até quem não é boomer. Ou ainda “Todo mundo vai morrer, mas poucos vão perceber que eu usei CORRETAMENTE os porquês nesse texto, o que vai fazer com que eu morra um
Começo esse texto exatamente às 6h43 da manhã do sábado do dia 12 de outubro de 2024. E ai, cara pessoa que me lê, você me pergunta “Por que você está acordada tão cedo num sábado???” e eu te digo: Porque fui dormir cedo na sexta. E ai você pergunta de novo “MAS POR QUÊ????” e eu te respondo, mais uma vez, agora respirando fundo e cheia de ódio: Porque choveu para caralho na cidade, acabou a luz e não tinha ABSOLUTAMENTE NADA pra fazer. Meu plano era jogar The Sims, ou Ragnarok, ou escrever um capítulo da Newsletter com as páginas de internet que eu gosto e que não são de influencers, mas não deu nada certo. E o porquê disso tudo? Porque a merda da cidade de São Paulo não tem zeladoria e cada árvore que cai é um inferno. Porque a merda do Estado de São Paulo privatizou a companhia que fornece energia elétrica e, agora, cada processo demora umas cinco vezes mais do que o que levava antes, até a parte de ligar na porra da concessionária pra avisar que não tem luz ficou mais demorada e burocrática e, enfim...
Vou jogar uma imagem aqui e seguir.
Essa semana estava aqui em casa conversando com meu marido sobre algum assunto completamente irrelevante para o andamento da humanidade e, depois que o assunto morreu, nós seguimos a vida – exceto que eu ainda fiquei pensando naquilo e, VÁRIAS horas depois, joguei outro comentário sobre o assunto DO NADA e TOTALMENTE SEM CONTEXTO para qualquer um que não estivesse dentro da minha cabeça nas últimas horas. Digo isso porque, pra quem esqueceu como funciona essa newsletter (já que eu postei duas, saí pra comprar cigarro e nunca mais voltei), ela é geralmente isso: Um negócio que tá passando pela minha cabeça e que eu só joguei em voz alta pro universo, muitas vezes sem jogar um contexto antes. Quem quiser ler, que procure contexto ou se conforme com o que eu falar aqui.
E esse parágrafo aí foi bom porque eu tenho pensado muito sobre A INFORMAÇÃO em si desde o fim da rede social X (morreu, né, o coitado. Tal qual o finado goleiro Marcos). Semana passada eu fui no show do Bruno Mars com minha prima que tem quase metade da minha idade e descobri (com um misto de alegria e tristeza) que ela, assim como eu, era tuiteira (e ela, assim como eu, esconde a @ da família e de conhecidos da vida real com o máximo de empenho. ORGULHO!!). Porém ela, ao contrário de mim, não tinha migrado para o Bluesky e estava se sentindo excluída das notícias do mundo. Fiquei pensando muito nisso (sobre como as notícias chegam até a gente, não sobre o fato de eu ser tão viciada em microblog que eu não passei UM DIA SEQUER sem uma rede onde pudesse postar “Cacete, que filme bom!” sem contexto. É mais difícil olhar os próprios problemas, todo mundo sabe disso) e aí percebi que as redes sociais meio que estragaram a gente, né? Tá tudo ali mastigado, pra quê a gente vai “pra fora”? – o fora sendo A INTERNET EM SI.
Lembrei que um tempão atrás saiu uma notícia de que os boomers meio que não sabiam que o Facebook estava na internet. Pra eles era O FACEBOOK, quase que uma entidade separada do universo. Se pra acessar, sei lá, o HUMORTADELA (Referência de velhoooo), ele tinha que abrir o INTERNET EXPLORER, digitar o endereço, esperar carregar e aí sim desfrutar do mais puro humor dos anos 2000... Pra acessar o Facebook é só abrir o aplicativo e tá lá: O mais puro humor dos anos de 2010. Eu fiquei chocada quando li isso porque, PRA MIM, millennial que pegou a época da internet de madrugada no fim de semana porque era mais barata utilizando o discador do IG, e depois viu o nascimento (e morte) do Speedy, a internet de fibra e o 5G, é bem fácil separar as coisas. Boomers idiotas.
Aí o X morreu.
E eu fiquei perdida sem notícias.
E percebi que eu TAMBÉM não estava mais separando a rede social da internet. Mas, como diziam no finado twitter os jovens que queriam problematizar, mas não tinham condições de elaborar por preguiça ou falta de argumentos: Estou me tornando os meus pais, porém NÃO VOU ELABORAR.
Voltando ali pro negócio do “O problema é o Capitalismo”: Cheguei na idade de ter amigos e família com crianças em idade de Cabelo Maluco e, junto com marido, concluí que, caso a gente tenha os nossos, o dia do Cabelo Maluco vai ser o dia de Faltar na Escola porque papai e mamãe não vão gastar tempo e dinheiro com essa palhaçada. EU NÃO SOU COMPETITIVA, EU NÃO QUERO COMPETIR COM OUTROS PAIS. Porém amarei essa futura criança e não quererei que ela sofra bullying por ir com cabelo normal, então vai faltar e acabou. Vamos criar boas memórias. Lá na frente, quando o agora adulto, outrora criança que eu por ventura for parir (eu não faço a menor ideia se essa frase fez sentido. Por favor, me dêem créditos. Eu usei os porquês corretamente ali no primeiro parágrafo, mas eu não quero revisar esse texto), estiver morando num abrigo coletivo com água e comida racionada por causa das mudanças climáticas, estiver conversando sobre “Os bons tempos” vai dizer “Dia do cabelo maluco??? Nunca tive. Mas meus pais me deixavam ficar em casa jogando Crash Bandicoot no PS5 o dia inteiro, era massa. Lembra?? A gente tinha ÁGUA, ENERGIA ELÉTRICA E INTERNET!! VC CHEGOU A MEXER NA INTERNET???”
E antes que alguém venha e diga que existem chances de eu cuspir pra cima nesse assunto, se pá nem vai ter criança. Ou futuro. Vamos todos morrer mesmo, quem liga?
Meu marido é um cara otimista e que sempre vê o copo meio cheio. É uma mistura de Pedro Scooby (sem a violência doméstica e sem ser um péssimo pai) e Pedro Certezas (explicar o que é um Pedro Certezas para conhece o Thiago e o Pedro Certezas é totalmente desnecessário e, para quem não conhece... É simplesmente impossível), então quando eu começo com esses papos de fim do mundo ele fica putaralhaço da cara – ou, talvez, revirando o olho com preguiça. É foda, eu detesto, mas é bom porque ele geralmente me faz ver que NEM TUDO ESTÁ PERDIDO e que dá, sim, pra economizar água no banho pra Taylor Swift fazer um bate e volta Rio-São Paulo de jatinho pra comprar Biscoito Globo - mas, enfim, divago: Comecei esse parágrafo disposta a, ao mesmo tempo, fazer um elogio ao Thiago por ele ser meu lado otimista e minha âncora à humanidade (tal qual a Laurie era pro Dr. Manhattan) e terminar com uma mensagem otimista pra eu não parecer TÃO DE SACO CHEIO, mas acho que o Belchior é meio fera em fazer letras que são meio “Tá ruim, mas tá bom”, tipo a minha situação atual (não a MINHA MINHA – A minha vida pessoal tá ótima, mas eu não sou doida de colocar na internet. Se vc quiser ler coisas do meu passado que são ALTAMENTE CONSTRANGEDORAS e que me expõe mais do que eu deveria ter feito... Procure meu blog antigo) e vou deixar ele terminar por mim:
“Quero desejar, antes do fim
Pra mim e os meus amigos
Muito amor e tudo mais
Que fiquem sempre jovens
E tenham as mãos limpas
E aprendam o delírio com coisas reais”
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Eu quero escrever dois posts pra futuras edições dessa newsletter: Sobre diários e sobre contas pra seguir nas redes sociais que não sejam de influencers… Mas ambas exigem pesquisa e, sei lá, não sei se tô disposta? Vamos ver se um dia eu volto.
Amo que você é meio meu animal espiritual. Porque eu também fiquei meio perdida sem o twitter e também não fiquei um dia sem um lugar onde eu pudesse exclamar coisas aleatórias fora de contexto. A diferença foi que eu me senti mais Geração Z do que um Boomer porque um Boomer procuraria uma forma de saber das notícias, nem que fosse sair na rua e perguntar pra um vizinho, mas o Geração Z não sabe nem organizar arquivos em pastas (na minha cabeça isso fez sentido). Ah, e eu também acho que vamos todos morrer, então não preciso tomar decisões sobre daqui a um ano ou dois.